No Dia do Índio, destacamos a matemática no artesanato dos Guarani de Aracruz

Jovem da família de Para (novembro de 2008). Fonte: Lorenzoni, 2010, p. 48.
Jovem da família de Para (2008). Fonte: Lorenzoni, 2010, p. 48.

O Dia do Ìndio, celebrado no Brasil a 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto-lei 5540 de 1943. Para comemorar esse dia especial, relembramos uma pesquisa de doutorado desenvolvida no PPGE/Ufes, por Claudia Alessandra Costa de Araujo Lorenzoni, sob orientação da Professora Circe Mary Silva da Silva Dynnikov. O objetivo do trabalho “Cestaria Guarani no Espírito Sato numa perspectiva Etnomatemática” foi investigar, numa perspectiva etnomatemática, saberes/fazeres tradicionais dos Guarani do Espírito Santo, quanto à sua cestaria, e buscar possíveis relações desses saberes/fazeres com a educação escolar guarani.

A perspectiva etnomatemática adotada considera que cada cultura, ao longo da sua história, constrói maneiras próprias de saber e fazer segundo suas necessidades e seu contexto natural e social, inclusive no que se refere, por exemplo, a comparar, classificar, representar, medir e contar. Os dados que compõem a análise da pesquisa foram provenientes de observações, diálogo e entrevistas a artesãos, educadores, lideranças e demais moradores das aldeias guarani do Espírito Santo e do trabalho de formação continuada com educadores guarani atuantes nas escolas guarani do Estado, em 2009. Os registros foram coletados por meio de caderno de campo, fotografias, gravações em áudio e em vídeo e organização de uma coleção particular de cestos. A pesquisa apresenta uma descrição de cestos guarani segundo aspectos morfológicos, tecnológicos e mitológicos.

Certaria-GuaraniA análise de saberes/fazeres guarani relativos à sua cestaria aponta para os cestos como modalidade de afirmação de identidade étnica, pela qual esse povo desenvolve, perpetua e transmite suas percepções e atividades perante si e o mundo. O emprego de saberes/fazeres da cestaria guarani no ensino de matemática na educação escolar guarani revela-se, por um lado, um meio de afirmação étnica e uma possibilidade de desenvolver e explorar habilidades relacionadas com a disciplina matemática de maneira contextualizada. Por outro lado, torna-se desafiador aos educadores, na medida em que remete a práticas e técnicas muitas vezes restritas a artesãos cesteiros e requer um aprofundamento na sua formação. Os resultados deste trabalho levantam questões para reflexão sobre o papel dos saberes tradicionais no contexto do ensino de matemática na educação escolar indígena, da formação de professores índios e da produção de material didático específico e diferenciado. A tese ainda apresenta, em seu final, o material “ADJAKA REGWA: Atividades para aulas de matemática“.

Para acessar a tese, clique aqui.

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